Maria é só mais uma menina do interior, e que carrega a tragédia de ser ter sido gerado através de um estupro. Apesar desse acontecimento tão devastador, ela é extremamente amada e cuidada por sua mãe. Apaixonada por Selton Mello ( o próprio Selton assina a apresentação do livro e aparece no decorrer da narração), e fascinada pelo significados dos nomes ela decide partir da sua cidade Dores do Indaiá para poder conhecer outro lugares. A cada lugar, um novo nome e uma nova história. É uma busca da personagem para saber cada vez mais sobre si mesma.
A autora cita um pedaço do pema de Fernando Pessoa "Não sei quantas almas tenho", e usa dessa poema para tecer grande parte da aventura de Maria. E esse poema do Pessoa faz todo sentido nesse livro, e começou a fazer mais sentido para mim também.
O livro me fez refletir sobre como muitas vezes somos atropeladas por situações terrivelmente ruins, mas que ainda assim sempre existe um jeito de se inspirar, procurar e encontrar as situações boas que a vida também pode proporcionar.
Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
- Fernando Pessoa -
Super recomendado!
Romance
Páginas: 112
Editora: Globo
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